Novos Tempos
Não dá para afirmar que seja despropositada a decisão do Supremo Tribunal Federal de dar aos
réus todas as possibilidades recursais previstas em lei. O que dá, sim, para discutir é se nosso marco
legislativo não é absurdamente pródigo em recursos.
Minha impressão é que, a exemplo do que aconteceu coma medicina, o direito foi atropelado
pelos novos tempos e nem percebeu. Se, até algumas décadas atrás, ainda dava para insistirem
modelos que procuravam máxima segurança, com médicos conduzindo pessoalmente cada etapa
dos processos diagnóstico e terapêutico e com advogados podendo apelar, agravar e embargar nas
mais variadas fases do julgamento, isso está deixando de ser viável num contexto em que se pretende
oferecer medicina e justiça para uma sociedade de massas.
Aqui, seria preciso redesenhar os sistemas, fazendo com que o cidadão só fosse para a Justiça ou
para o hospital quando alternativas que dessem conta dos casos mais simples tivessem se esgotado.
Não há razão, por exemplo, para que médicos prescrevam óculos para crianças ou para que divórcios
e heranças não litigiosos passem por juízes e advogados.
É perfeitamente possível e desejável utilizar outros profissionais, como enfermeiros, tabeliães,
notários e mediadores, para ajudar na difícil tarefa de levar saúde e justiça para todos. A dificuldade
aqui é que, como ambos os sistemas são controlados muito de perto por entidades de classe com fortes
poderes, que resistem naturalmente a mudanças, reformas, quando ocorrem, vêm a conta-gotas.
É preciso, entretanto, racionalizar os modelos, retirando seus exageros, como a generosidade
recursal e a centralização no médico, mesmo sob o risco de reduzir um pouco a segurança. Nada,
afinal, é pior do que a justiça que nunca chega ou a fila da cirurgia que não anda.
(Hélio Schwartsman. http://www1.folha.uol.com.br. 28.09.2013. Adaptado)
01. Assinale a alternativa em que o termo em destaque está empregado em sentido figurado.
a) ... dar aos réus todas as possibilidades recursais...
b) ... médicos conduzindo pessoalmente cada etapa dos processos diagnóstico e terapêutico...
c) Aqui, seria preciso redesenhar os sistemas...
d) ... quando alternativas que dessem conta dos casos mais simples tivessem se esgotado.
e) É perfeitamente possível e desejável utilizar outros profissionais.
Ao ser promulgada a atual Constituição Federal, em 1988, o país contava com 4.180 municípios.
Coerentemente com os ventos liberalizantes da época, a transformação de distritos em cidades
dependia, em princípio, de parecer da assembleia legislativa do estado respectivo. Nada difícil, pois
o surgimento miraculoso de prefeituras (e estados) frequentemente interessa a políticos regionais,
alguns deles especialistas em exercitar o empreguismo e o clientelismo. Foi assim que, a partir de
1988, brotaram outras 1.400 prefeituras, até essa indústria ser fechada por emenda constitucional,
em 1996, que passou para o Congresso a prerrogativa de permitir plebiscitos sobre novos entes federativos.
02. No texto acima, está sendo empregado em sentido denotativo o termo
a) “brotaram”
b) “indústria”
c) “ventos”
d) “miraculoso”
e) “regionais”
Pavio do destino
Sérgio Sampaio
(L . 01) O bandido e o mocinho
São os dois do mesmo ninho
Correm nos estreitos trilhos
(L . 04) Lá no morro dos aflitos
Na Favela do Esqueleto
São filhos do primo pobre
(L . 07) A parcela do silêncio
Que encobre todos os gritos
E vão caminhando juntos
(L . 10) O mocinho e o bandido
De revólver de brinquedo
Porque ainda são meninos
(L . 13) Quem viu o pavio aceso do destino?
Com um pouco mais de idade
E já não são como antes
(L . 16) Depois que uma autoridade
Inventou-lhes um flagrante
Quanto mais escapa o tempo
(L . 19) Dos falsos educandários
Mais a dor é o documento
Que os agride e os separa
(L . 22) Não são mais dois inocentes
Não se falam cara a cara
Quem pode escapar ileso
(L . 25) Do medo e do desatino
Quem viu o pavio aceso do destino?
O tempo é pai de tudo
(L . 28 ) E surpresa não tem dia
Pode ser que haja no mundo
Outra maior ironia
(L . 31) O bandido veste a farda
Da suprema segurança
O mocinho agora amarga
(L . 34) Um bando, uma quadrilha
São os dois da mesma safra
Os dois são da mesma ilha
(L . 37) Dois meninos pelo avesso
Dois perdidos Valentinos
Quem viu o pavio aceso do destino?
03. Os termos “ninho” (v.2) e “safra” (v.35) foram empregados em sentido denotativo e correspondem,
respectivamente, ao local e à época de nascimento dos meninos.
Certo ( ) Errado (X)
CONOTATIVO: SENTIDO FIGURADO
Robustecer os orçamentos da educação e da saúde constitui sonho acalentado por brasileiros,
independentemente de opção partidária ou credo religioso. As duas áreas — os 4 mais dolorosos
problemas que dificultam a marcha do país rumo ao desenvolvimento sustentável — clamam por
melhorias urgentes. Não é outra a razão por que milhares de 7 pessoas ocuparam as ruas das mais
importantes unidades da Federação exigindo escolas e hospitais padrão FIFA.
Correio Braziliense, 18/8/2013 (com adaptações)
04. A expressão “padrão FIFA” (l.8) está sendo empregada com o sentido de qualidade excelente.
Certo (x) Errado ( )
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